Por Jorge Henrique Barro
Da narrativa de Jonas aprendemos que Nínive era uma grande cidade (1.2; 3.2; 4.11); cheia de maldade (1.2; 3.8); violenta (3.8) e constituída de cidadãos que não distinguiam o certo do errado (4.11). Diante de tais realidades, Deus não se cala e Nínive passa a estar debaixo da ameaça de destruição (3.10) e por isso a convocação: “Vá à grande cidade e prega contra ela...” Sim, Deus é contra situações que conspiram contra a dignidade da vida. O Antigo Testamento revela, pelo menos, cinco motivos condenatórios da cidade:
Jonas sabia muito bem para onde ia. Mas se esqueceu com quem ia – com o Senhor e sua Palavra – “a palavra do Senhor veio a Jonas” (1.1; 3.1). Depois de suas dramáticas experiências de recusa, “Jonas entrou na cidade e percorreu durante um dia, proclamando...” (3.4). Eram necessários três dias para percorrer a cidade, mas ele vira recordista, e faz em apenas um (3.3-4), numa possível demonstração de insatisfação e desinteresse. Como “a salvação vem Deus” (2.9c), prova evidente da missio Dei, o milagre acontece e toda a cidade se arrepende (cobrem-se de pano de saco homens e animais – 3.9). Isso provoca Jonas a trazer do fundo do seu coração sua justifica de fuga missionária: “foi por isso que me apressei em fugir para Társis. Eu sabia que tu és Deus misericordioso e compassivo, muito paciente, cheio de amor e que prometes castigar mas depois te arrependes” (4.2). E é nesse momento que pede para Deus tirar sua vida! O que devia ser motivo de alegria tornou-se em motivo de desgosto e desilusão. Assim, “sentou-se num lugar a leste da cidade... e esperou para ver o que aconteceria com a cidade” (4.5). Já que ele estava esperando para ver o que aconteceria com a cidade, então teria tempo suficiente para refletir algumas coisas. E Deus lhe proporciona um tema: “Não deveria eu ter pena dessa grande cidade?” (4.11).
Mesmo não concordando com Deus, Jonas nos fez o favor de revelar as atitudes necessárias que devemos ter para proclamar esperança para cidades condenadas: misericórdia, compaixão, paciência, amor e a oferta de novas chances (que prometes castigar, mas depois te arrependes).
Sim, Deus detesta os pecados da maldade e violência da cidade. Mas a boa notícia é que Ele ama ao invés de abandonar a cidade – a proclamação, neste caso, é contra o pecado, mas sempre a favor da vida. É muito importante descobrirmos o equilíbrio do tratamento bíblico sobre a cidade, porque ou vamos odiá-la ou justificar seus pecados. Existe esperança para a sua cidade? A resposta depende de duas atitudes: (1) sentar-se num lugar da cidade e esperar para ver o que vai acontecer com ela; ou (2) proclamar esperança e provocar mudanças de atitudes porque “a salvação vem Deus” (2.9c). Deus teve pena de Nínive. Você e sua igreja têm da sua cidade?